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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

COMO RECONHECER OS MAUS-TRATOS PSICOLOGICOS NO CASAL


Esse tipo de violência é mais aceita nos relacionamentos que a violência física, mas pode causar mais danos.


Os maus-tratos psicológicos entre casais são um tipo de violência, eu diria que o mais generalizado e, sobretudo, o mais normalizado. É um tipo de violência pouco detectável, difícil de provar, embora seu poder lesivo possa ser imensamente superior ao da violência física, muito mais óbvia e na qual vítima acaba tomando medidas para se defender ou proteger. É sutil, intermitente, mas constante, o que deriva numa grande dependência emocional por parte de quem o sofre, por causa da destruição lenta, mas segura, da autoestima da vítima. E esse é o seu maior poder de agressão, a progressiva anulação da pessoa maltratada, que chega a duvidar inclusive do seu próprio valor como ser humano. A desvalorização e a culpa são os protagonistas emocionais de um fino trabalho de distorção da realidade em que a pessoa passa a crer que merece isso, que ninguém mais irá querê-la, e que esse é o preço de não ficar sozinha e não assumir o estigma de fracasso contido num divórcio.
Uma pista para identificar esses abusos é a tendência a ocultar coisas por medo da reação depreciativa ou desproporcionada do outro: temor de contradizê-lo, deixar que ele tome decisões no seu lugar, aceitar fazer sexo sem ter vontade, evitar opinar em público diante dele, observar que ele minimiza seus feitos e lhe culpa pelos erros, que ocupa o papel de uma mãe ou pai que sabe o que é bom para você, organiza seu tempo livre sem lhe consultar, olha o seu celular, provoca tensão ou medo de errar, julga o que você faz, diz ou veste, responsabiliza você pelo estado de ânimo dele(a) mesmo(a), faz você se afastar pouco a pouco das relações que são só suas (amigos, família), até que, definitivamente, você vai deixando de ser você para se tornar uma espécie de fantasma que tenta se encaixar num suposto modelo feito sob medida para os desejos de outra pessoa. É terrorismo íntimo.
A maioria dos estudos epidemiológicos concluem: há muito mais mulheres do que homens vítimas de violência psicológica no contexto das relações de casal. Uma das conclusões extraídas do primeiro estudo sobre violência doméstica realizado pela OMS, em 2005, foi que a violência mais habitual na vida das mulheres é exercida pelo cônjuge, superando o índice de agressões consumadas por conhecidos ou estranhos.

“Esta ânsia irracional de domínio, de controle e de poder sobre a outra pessoa é a força principal que alimenta a violência doméstica entre os casais", diz Luis Rojas Marcos

As consequências dos maus-tratos psicológicos reiterados são de toda espécie, já que submetem a pessoa a estresse crônico, o que propiciará a aparição de doenças físicas ou servirá como estopim daquelas que só estavam em estado latente. Alguns sintomas visíveis que respondem à somatização do estresse emocional são ansiedade, problemas com o sono e/ou alimentação, cansaço crônico, cefaleias, tristeza, apatia, depressão, consumo de psicofármacos e alto risco de abuso do álcool.
Não há um perfil específico de pessoa mais vulnerável aos maus-tratos, pois ele se dá em todas as culturas e contextos socioeconômicos. O que há é um perfil de pessoa maltratada psicologicamente, já que essa forma de violência vai configurando mudanças na personalidade de quem a sofre, tais como insegurança e baixa ou nula autoestima, percepção de impotência para manejar o entorno, culpabilidade, sensação de fracasso na vida, sentimentos ambivalentes e tendência a minimizar a gravidade dos maus-tratos, ou mesmo justificá-los adotando a visão de realidade do agressor, sem ter consciência de que em muitos casos se é vítima de maus-tratos psicológicos. Isto é mais frequente do que se acredita: há grandes doses de violência normalizada nas relações, e especialmente nas de casal.
Vão sendo toleradas pequenas humilhações, sutis desprezos, violações da intimidade mediante a permissão, explícita ou não, de olhar meu celular ou minhas redes sociais; submeto-me ao seu julgamento sobre mim, começo a pedir permissão (e não a opinião) para tomar decisões, aguento seus surtos de irritabilidade para não piorá-los, aceito repetidamente as desculpas, e tudo isso sustentado pela crença de que o amor tudo pode, e que se quisermos que dure é necessário ser flexível. Quando dizemos na terapia de casal que o amor é condição necessária, mas não suficiente, as pessoas se surpreendem. Fizeram-nos acreditar que, uma vez que a gente ama, o resto está feito, e vamos transitar durante o resto da nossa vida por um fluido caminho de rosas. Quando aparecem formas tóxicas de se vincular, muita gente as suporta em nome do amor, e em nome desse suposto amor (que não o é) um vai degradando o outro, vai anulando, a tal ponto em que chega um dia em que esse outro já não sabe nem quem é, nem em que sua vida se transformou.
Quanto ao perfil da pessoa que comete os maus-tratos psicológicos, é paradoxalmente alguém extremamente dependente e inseguro, com escassa capacidade empática, muito controlador.
É verdade que as estatísticas refletem que um alto índice de abusadores psicológicos procedente de lares onde foram educados sob modelos de relação baseados nos maus-tratos e no controle, e também que o uso e abuso do álcool favorecem a aparição deste padrão de conduta. Entretanto, essas são variáveis que explicam apenas parcialmente um padrão de comportamento tóxico, já que em última instância todos somos livres para escolher como queremos ser e que tipo de relações queremos construir.
Insisto em que as circunstâncias influem, mas não determinam, logo nada justifica os maus-tratos contra outros, ainda que eles mesmos tenham sido vítimas.

"COMO ESTE CARA ME CONVENCEU QUE EU ERA TONTA?": o abuso machista que ninguém parece ver


Os especialistas atendem cada dia mais casos do abuso psicológico de gênero chamado gaslighting: muito sutil e difícil de compreender para amigos e familiares e para as autoridades.

O gaslighting quase nunca exige o uso da violência explícita
“Como esse cara me convenceu de que eu era tonta?”
“Não há justiça para mim”
Frequente e entre jovens

Marina é o nome fictício —a seu pedido expresso— de uma mulher de 37 anos que durante dois anos sofreu maus-tratos psicológicos por parte de seu namorado. Concretamente, uma forma de abuso conhecida como gaslighting. Trata-se de um abuso sutil, manipulador, mediante o qual se desgasta a autoestima e a confiança da mulher em si mesma a ponto de anulá-la, de transformá-la em um punhado de dúvidas e medos.

A vítima quase nunca tem consciência de estar sendo abusada. Ou, pelo menos, não como se entende geralmente o termo, já que não há uma agressão clara. Simplesmente, quanto tudo é colocado em dúvida, tudo se discute e seus pontos de vista são sempre menosprezados, a mulher vai se fechando em si mesma. Trata-se também, consequentemente, de uma forma de abuso muito difícil de explicar para a vítima e ainda mais complicada de denunciar.

Marina conta: “Ele discutia sobre tudo. Tudo colocava em dúvida. Até as coisas que não têm discussão, como meu estado de espírito ou meus sentimentos. Tudo era um exagero meu, uma invenção ou uma paranoia. Tudo estava em minha cabeça, então acabei acreditando. Acabei acreditando que era eu que não estava à altura e, para não continuar decepcionando-o, me calava. Parei de opinar, parei de responder e simplesmente de me expressar. Fiquei completamente anulada como pessoa e ele tinha controle total sobre mim”.
Marina estava esgotada. “Fiquei sem forças, sem energia, todo dia preocupada em não aborrecê-lo, em não decepcioná-lo. Até que compreendi que aquilo não era normal, que não podia viver assim e que alguma coisa estava acontecendo.”
E quando Marina compreendeu, esbarrou na incompreensão. “Isso não é abuso, me dizia uma amiga. Você está exagerando... Isso me afundou mais. O pior golpe que recebi foi quando decidi denunciar. Quando já não conseguia mais porque ele me insultava, me depreciava, isso me gerou ansiedade e problemas psicológicos. Fui ao juizado e arquivaram meu caso. Disseram que não era abuso, que não havia provas...”. Marina chora. E, quando recupera o fôlego, acrescenta: “Cheguei a pensar: tomara que me arrebente a cabeça. Tomara que me dê uma pancada assim posso ir ao juiz sangrando e vão fazê-lo se afastar de mim”.
O nome desse tipo de violência vem do filme Gaslight, de 1944. É um retrato da violência machista psicológica. No filme, o marido manipula sua mulher com sutileza até convencê-la de que ela imagina coisas, lembra mal as discussões e até a faz duvidar de sua cordura. Nisso basicamente consiste esse tipo de abuso psicológico. O abusador altera a percepção da realidade da vítima fazendo com que não seja consciente que padece de um abuso ou de uma situação que deve denunciar.
Bárbara Zorrilla é psicóloga especializada em atendimento a mulheres vítimas de violência de gênero. “O abuso gaslighting é uma forma de violência muito perversa, porque é contínua e se consegue mediante o exercício de um assédio constante, mas sutil e indireto, repetitivo, que vai gerando dúvidas e confusão na mulher que o sofre, a ponto de chegar a se sentir culpada das condutas de violência do abusador e duvidar de tudo que acontece à sua volta.

“Parei de opinar e de me expressar. Fiquei comple-tamente anulada como pessoa e ele tinha controle total sobre mim.”

Segundo Beatriz Villanueva, consultora especializada em gênero, esse tipo de abuso é tão frequente quanto invisível. “É um tipo de violência que encontro muito nas consultas. São mulheres que chegam esgotadas. A maioria vem sem ter consciência de que estão sofrendo maus-tratos psicológicos. Vêm porque estão cansadas, para baixo, anuladas. E é falando, raspando, que se dão conta de que estão o dia todo tentando se defender, tentando fazer valer seu ponto de vista, mas não conseguem nunca. E chegam a considerar que não valem nada.”
Há alguns dias, Beatriz conversou com uma jovem que lhe dizia sentir-se triste, temerosa, insegura. Mas não associava nenhuma dessas frustrações à possibilidade de estar sofrendo violência psicológica por parte de seu namorado, por quem dizia estar apaixonada. Beatriz lhe fez ver a situação que estava sofrendo. “Costuma haver uma incredulidade: ‘Eu? Maltratada?’ Mas em seguida, recapitulando, se dão conta de que foram anuladas por seus parceiros. E que isso as consumiu, as deixou sem forças.”
O gaslighting costuma passar por um processo reconhecível. “No início o abusador manipula constantemente as interações com o parceiro. Se ela lembra algo do tipo: ‘É que você me prometeu tal coisa’, ele responde com expressões do tipo: ‘Eu não te prometi nada’, ‘Por que você inventa essas coisas?’, ‘Está louca?’. Também invalida o ponto de vista da mulher quando expressa seus sentimentos ou se queixa de algo. ‘Eu não vi isso, você está exagerando; que filme você criou; como pode dizer isso...’. Tudo isso se sustenta com discussões constantes que desgastam ao extremo e deixam a mulher sem força, duvidando de seu próprio julgamento e sentindo-se uma pessoa pouco confiável ou inútil”.
María tem 44 anos e ficou com seu parceiro por 13. Durante cada um deles sofreu maus-tratos psicológicos e só na última fase da relação teve consciência do que estava sofrendo.
María nasceu no Equador e muito jovem se mudou para a Espanha. Ela nos atende por telefone com a condição de manter o anonimato. Diz continuar tendo muito medo. “Minhas opiniões eram sempre sem sentido. ‘Você é de fora, não faz ideia.’ ‘Você não sabe o que está falando.’ No início, me falava até com educação, mas pouco a pouco ia anulando todas as minhas opiniões. Também as que tinham a ver com o que eu sentia. ‘Mas o que você está dizendo, como pode se sentir assim? Você é de fora, deveria estar agradecida...’ E, claro, eu pensava: ‘É verdade, deve ser assim’.”
“Com o tempo ele se tornou mais violento na forma de falar, invalidava tudo que eu dizia de forma agressiva. Mas fazia na frente das crianças, para que eu não respondesse nem me defendesse, porque ele sabia que eu não queria discutir na frente de nossos filhos. Então me dizia que era uma inútil ou que não servia para nada e eu me calava. De tanto dizer isso, acabou me calando sempre. Porque, claro, se eu respondia ficava pior. E preferia não discutir”.
“Pouco a pouco fui me convencendo de que não sabia me defender. Tinha medo de quase tudo. Mas não tinha consciência de que era por causa dele. Fui me anulando como pessoa. Não me atrevia a expressar opiniões na frente dele ou discutir alguma coisa. Se estávamos com amigos eu ficava quieta, não me atrevia nem a rir se alguém fazia alguma piada.”
“O pior é que acreditava que ele tinha razão, que minhas opiniões não valiam e que era melhor ficar calada. Me eliminou como pessoa. Eu ficava esgotada, porque estava sempre preocupada em não incomodar, não discutir. Isso é esgotador. Tive ansiedade e engordei 20 quilos. Não conseguia mais.”
Beatriz Villanueva conta que o processo transforma a mulher em “uma pessoa insegura, em dúvida, que se questiona se está dizendo bobagens. Uma pessoa convencida de que suas opiniões não valem, que tem medo de falar, discutir, expressar seus pontos de vista...”.
Os últimos anos da relação de María foram os mais difíceis. “Foi o que me fez reagir”, explica. “Começou a exigir que o tratasse de senhor e me proibiu de dirigir. Foi quando me dei conta de que isso não era possível, que isso não é normal. E pedi ajuda à família e à justiça. O que acontece é que não me compreendiam totalmente. Não conseguiam ver que isso fosse abuso. E a juíza, que era uma mulher, arquivou meu caso. Aí desabei. Desabei totalmente. Ainda bem que segui adiante e por fim ele já recebeu uma ordem de afastamento.”
“Agora olho para trás e me dou conta de muitas coisas. De que me fez chegar a duvidar de se eu era uma inútil, me convenceu disso. Mas eu nunca fui tonta. Como esse cara conseguiu me convencer disso?”.
“Continuamos sem identificar a violência quando não há agressões físicas, sem entender que os efeitos dos maus-tratos psicológicos podem ser devastadores e até irreversíveis”, explica a psicóloga Bárbara Zorrilla.
Em não poucas ocasiões, o próprio entorno da vítima não percebe que essa situação seja um abuso. Em geral costuma ser interpretado como problemas de casal ou altos e baixos. Um cenário que empurra a mulher para se fechar em si mesma, não compartilhar a problemática e até, às vezes, convencer-se de que, assim como não param de repetir, não está sendo vítima de abuso.
“A própria vítima não tem consciência. Como a pessoa que me ama vai me maltratar? Quando por fim compreende, é muito doloroso. É muito difícil”, explica Beatriz Villanueva.
Ana, uma mulher de 45 anos de Valência, se separou de seu agora ex-marido quando este a agarrou pelo pescoço e a empurrou contra a parede. Foi só a ponta de um enorme iceberg de sofrimento psicológico. De fato, o empurrão, como ela reconhece, foi o que desencadeou sua reação depois de mais de dois anos de abuso sutil e incessante.
Um dos problemas que Ana enfrenta agora é que seu ex-marido continua assediando-a. “Me manda mensagens ou whatsapps dizendo que não sei cuidar de nossa filha e que não sirvo para isso. O que me dizia sempre quando estávamos juntos. Me manda fotos pornográficas dizendo que assim é que teria de ser...”

“Me disseram que aí não havia insultos, que não tinha me batido. E que não podiam fazer nada. Que isso não era abuso.”

Ana foi a um quartel da policia militar espanhola com as mensagens e tentou explicar os maus-tratos psicológicos aos quais o marido a submetia havia anos. “Mas nem me deram bola. Me disseram que não havia insultos ali, que ele nem tinha me batido. E que não podiam fazer nada. Que isso não era abuso.” A voz de Ana embarga.
Foi também ao juizado, mas seu caso foi arquivado. “Estou abatida, tenho ansiedade. Não tenho forças, nem vontade de me arrumar nem de sair de casa. Consigo me convencer de que não sirvo para nada. E tudo sem insultos nem golpes. Então não há justiça para mim. Não há justiça...”.
A violência gaslighting, como explica Beatriz Villanueva, quase nunca exige o uso da violência explícita. Inclusive, muitas vezes, se reveste de um certo bom mocismo: “Eu só quero ajudar, apesar de parecer que faço tudo errado; me ouça, confie em mim, é para o seu bem...”. Por isso, às vezes, também os homens sofrem de gaslighting por parte de suas parceiras. Nesses casos ainda é mais difícil para a vítima, e sobretudo para o entorno, detectar que o homem está sofrendo abuso.
“A tática é o afeto intermitente. Demonstrações de amor e carinho, arrependimento, condescendência e promessas de felicidade futura fazem a mulher acreditar que se ela mudar, ele também o fará e que só poderá encontrar a felicidade a seu lado porque só tem a ele”, explica a psicóloga Bárbara Zorrilla. “A violência explícita é reprovada e castigada. Qual é a alternativa? Usar a manipulação, o vitimismo. O gaslighting”, acrescenta Beatriz.
Isso desemboca em cenários muito graves. Muitas mulheres só são capazes de reagir quando são agredidas fisicamente. Também, às vezes, é quando o entorno e as autoridades abrem os olhos.
“Este tipo de abuso é muito mais frequente do que se vê e percebemos. Também em gente jovem. Se perpetua, e responde a papéis os casais assumem”, explica Beatriz.
A psicóloga Bárbara Zorrilla considera que instituições e autoridades devem melhorar e ampliar sua formação em violência de gênero: “As mulheres precisam que tanto seu entorno como a administração publica, por meio de seus recursos de atenção especializada, as ajude a identificar essa violência, sua intencionalidade, seus mecanismos e suas consequências. Para isso é preciso continuar trabalhando na sensibilização da população em geral e na formação de todos os profissionais que as atendem, não só no âmbito judicial, mas médico, policial... para que possam acompanhá-las, ajudá-las a construir seu relato, dotá-las de credibilidade e devolver-lhes a liberdade que lhes hão roubado”.






quarta-feira, 1 de novembro de 2017

20 MANEIRAS DE DETECTAR UM PSICOPATA



“Nem todos os que estão são, nem todos os que são estão”. Esse ditado se refere aos hospitais psiquiátricos e quer dizer que nem todos os internos são de fato loucos e nem todos os loucos estão internados.


Pessoas que sofrem de psicopatia ou transtorno de personalidade antissocial não são necessariamente frias e distantes. Elas apenas não sentem empatia pelos outros, nem remorso por seus atos. Vivem de acordo com suas próprias regras e só sentem culpa quando rompem com o seu código de conduta. Muitos são, inclusive, capazes de viver em comunidade, porque entendem os códigos sociais e sabem se adaptar.



Quando um psicopata de fato comete um crime, ele é responsável pelo delito do ponto de vista legal, já que está consciente dos seus atos. Mas, ao contrário de um réu normal, não existe a possibilidade de correção de sua conduta. A reabilitação é baseada em uma forma de vida que possa lhe trazer benefícios e evitar outros danos.



20 maneiras de detectar um psicopata



Faceta interpessoal:

1. Eles têm uma boa oratória e charme. São simpáticos e conquistadores num primeiro momento.
2. Têm uma autoestima exagerada. Se acham melhores que os outros.
3. São mentirosos patológicos. Mentem principalmente para conseguir benefícios ou justificar suas condutas.
4. Têm comportamento manipulador. E, se forem inteligentes o bastante, os outros não perceberão esse comportamento psicopata.

Faceta afetiva:
5. Não sentem remorso ou culpa. Nunca ficam em dúvida.
6. Quanto à afetividade, são frios e calculistas. Não aceitam as emoções, mas conseguem simular sentimentos se for necessário.
7. Não sentem empatia. São indiferentes e podem manifestar crueldade.
8. Têm uma incapacidade patológica para assumir responsabilidade pelos seus atos. Não aceitam os seus erros. Eles raramente procuram ajuda psicológica, porque acham que o problema é sempre dos outros.

Faceta estilo de vida:
9. Necessitam de estímulo constante. Ficam aborrecidos facilmente.
10. Gostam de um estilo de vida parasitário.
11. Agem descontroladamente.
12. Não têm metas a longo prazo. Vivem como nômades, sem direção.
13. Comportam-se impulsivamente, com ações recorrentes não premeditadas. Não compreendem as consequências de suas ações.
14. São irresponsáveis.

Faceta antissocial:
15. Tendem a ser delinquentes na juventude.
16. Demonstram problemas de conduta desde a infância.
17. Tiveram a revogação de sua liberdade condicional.
18. Têm versatilidade para a ação criminal. Preferem golpes e delitos que requerem a manipulação de outros.

Outros não incluídos em nenhuma das facetas:

19. Têm tendência a uma vida sexual promíscua, com vários relacionamentos breves e ao mesmo tempo. Gostam de falar sobre suas conquistas e proezas sexuais.

20. Acumulam muitos casamentos de curta duração. Não se comprometem por muito tempo por ter de manter um vínculo.

Estes items formam o método popular chamado de PCL (Psychopathy Checklist) desenvolvido por Robert Hare, PhD em Psicologia e professor da Universidade da Colúmbia Britânica no Canadá. Cada atributo recebe uma pontuação de zero a dois, e para o diagnóstico correto faz-se ainda uma entrevista semiestruturada e a análise do histórico do paciente. Segundo Hare, um por cento da população é psicopata.

PLANO DE FUGA


ACEITANDO O LUTO
Uma das diferenças entre romper com uma pessoa saudável e romper com uma pessoa com transtorno de personalidade é o grau em que seus sentimentos quanto ao rompimento se tornam complicados. No processo de dissolução, você tende a experimentar uma gama de sentimentos desde tristeza, mágoa, raiva, alívio, lamento, arrependimento – não importa quem tenha iniciado o término. Ao terminar relacionamentos com pessoas portadoras de transtornos de personalidade, esses sentimentos também acontecem, mas são acompanhados por complicados sentimentos de confusão e autocensura. As pessoas na sua situação perguntam: “Por que eu me sinto não mal com este rompimento, já que ele me tratou não cruelmente?” As pessoas perguntam porque elas continuam focalizando seus pensamentos e sentimentos na pessoa que as explorou, mentiu para elas, traiu-as e porque elas não conseguem simplesmente se sentir aliviadas e ir adiante. Os sentimentos normais associados com términos de relacionamentos são intensificados pela loucura do relacionamento; além disso, são agravados porque as pessoas se censuram por ter esses sentimentos que parecem “ilógicos” à luz da evidência.

O que você precisa saber se estiver passando por isso agora mesmo?

Primeiro, reconheça que a pergunta: “Por que continuo focalizando nisso se isso foi tão tóxico?” é totalmente normal. Aceite que essa experiência é mais do que comum como parte do processo de sua recuperação. Ao se empenhar em criar a próxima fase de sua vida, essas perguntas vão desaparecendo.
Segundo, entenda que mesmo que as dificuldades, engodos e exploração do seu ex tenham minado seu relacionamento, o relacionamento era importante para você. Sem dúvida você investiu muita energia, tempo, cuidado e boa vontade no esforço de cultivá-lo e fazê-lo dar certo. É triste quando relacionamentos não dão certo, e lamentamos quando eles terminam. Como com qualquer outro relacionamento que lhe foi importante, é certo passar pelo processo de luto agora, mesmo que você esteja lamentando a imagem que você tinha do relacionamento; suas esperanças no contexto; e as partes de você que foram exploradas ou rejeitadas.

Terceiro, quando a exploração e o engodo aconteceram, você não sabia, e você se dedicou a fazer o relacionamento dar certo. Na verdade, você provavelmente se esforçou ao máximo pelo relacionamento, sentindo pena do seu parceiro, que enquanto isso estava fazendo jogo com você. Você deu muito e recebeu pouco em troca, no final das contas. Quando a verdade veio à tona, tornou-se difícil reconciliá-la com a sua percepção idealizada do parceiro, e com o empenho dele em enganá-la com bombardeio amoroso, declarações, negação, gestos grandiosos, e controle. Diferente de perder um parceiro querido pela morte, que a tratou bem, a natureza complicada de seu relacionamento cria um complicado processo de luto, tal como quando um progenitor abusivo ou ausente morre. Embora o sobrevivente possa lamentar a morte, o que ele lamenta não é a perda da sua conexão com o progenitor, mas a perda da possibilidade de ter um progenitor com quem possa se conectar ou que se importava com ele.

Então, não resista ao luto, remova todos os gatilhos de luto ao seu redor, dedique tempo para viver o luto e atravessá-lo. Assim você se livrará disso também e poderá caminhar.

POR QUE É TÃO DIFÍCIL CONTINUAR A VIDA DEPOIS DE SAIR DE UM RELACIONAMENTO TÓXICO COM UM PSICOPATA OU NARCISISTA?


por Júlia Bárány
Você sai arrasada e se pergunta como é possível que o psicopata exiba felicidade no novo relacionamento. O que foi que você fez de errado? Por que o relacionamento de vocês não deu certo? Afinal você se esmerou de todos os jeitos possíveis, se dedicou, amou, se doou, e mesmo assim, não deu certo. Você sabe o quanto você entregou seu coração a esse homem.
Você se pergunta se não exagerou nas suas reações, pois o parceiro parece uma boa pessoa e foi você que estragou tudo.
Você se lembra do período cheio de felicidade, do início do relacionamento, quando vocês estarem junto parecia mágico e você sentia ter finalmente encontrado sua alma gêmea.
Agora, sofrendo e se lamentando, você se esquece temporariamente dos tempos tenebrosos, das frustrações, da raiva, das lágrimas e principalmente dos medos. Você se esquece quando o abusador enfiou a faca mortífera da desvalorização no seu coração.
Você foi triturada em sua autoestima até ficar totalmente devastada, ao ponto de não confiar nem na sua memória nem nas suas reações instintivas de autoproteção.
Você se sentiu responsável pelo relacionamento durante o relacionamento e continua se responsabilizando depois, sem perceber que você é que foi e continua sendo a vítima.
Você não leva em conta o quanto você se dedicou ao relacionamento para que ele desse certo. Você não leva em conta a raiva que sentiu com as tentativas frustradas, como se tudo que você fizesse se evaporasse em nada. Quanto mais você tentava, mais era desconsiderada, desrespeitada e ignorada.
Enquanto você se descabelava, o psicopata se divertia com o seu sofrimento.
Ele foi colecionando recursos e mais recursos para explorar você, controlar você e esmagar você.
Você ficou totalmente desnorteada com os maus-tratos intercalados com atenção especial e mimos, totalmente contrastantes.
Você quer voltar ao período de felicidade, você sempre se dá mais uma chance, mas esse período é fugaz e passageiro. Agora à distância, ou mesmo perto, se você caiu na armadilha de aceitá-lo de volta.
O médico desaparece e aparece o monstro, no ciclo interminável de abuso, manipulação e jogo, com insultos, desvalorizações, silêncio, e dissonância cognitiva e felicidade fugaz.
Você sente gratidão por cada momento feliz que vai diminuindo em duração e intensidade, até estar mergulhada totalmente no escuro.
Você está acabada.
Acorde, mulher, esse abusador não é o príncipe encantado que você insiste em manter nas suas lembranças. Isso é uma ilusão fabricada com o único e exclusivo intuito de caçar você. Porque você tinha algo que ele queria, seja sexo, dinheiro, posição social, profissional, uma casa para morar, comida, roupa lavada, uma fachada de respeitabilidade.
Agora ele quer sugar as últimas gotas de energia que você tem, pois é esse o alimento dessas criaturas parasitas.
Acorde, mulher, esse abusador não vale mais um milésimo de segundo de sua vida.
Reestruture sua vida do menos zero em que ela ficou. Sim, eles deixam destroços e perdas, e dívidas, e muita dor. Deixam um rastro de destruição da sua imagem, tentando fazer com que ninguém acredite em você. E quem poderia acreditar que exista tamanha barbaridade num ser que parece exatamente o contrário do que ele de fato é? Eles todos são assim, agem de forma semelhante, as diferenças são de estilo e de personalidade, de nível social e cultural. Na essência são sempre predadores dos seres humanos.
Então comece por acreditar em você mesma. Comece a acreditar em sua luz. Porque as trevas têm medo da luz. Faça sua luz brilhar cada vez mais.
Construa um muro de proteção ao seu redor, um muro de honestidade e integridade.
Procure cicatrizar suas feridas e use essa força para nunca mais cair na lábia de um abusador.
Procure a ajuda de profissionais que entendam pelo que uma vítima de psicopata passa. Não adianta falar com quem não tem ideia disso, pois eles podem retraumatizar você com proposições ocas, tolas, revoltantes como: “esqueça, vai viver sua vida” “é preciso de dois para um relacionamento não dar certo” “você foi boba em cair nisso, agora saia dessa, e deixe de ser boba” “vai ver que você entrou nesse relacionamento por causa de sua carência doentia, vai se tratar ” “você é que foi cega e não viu quem ele era”.
Não dê ouvidos a nada disso! Essas pessoas não sabem! Julgam este relacionamento como outro qualquer entre pessoas normais! O psicopata NÃO É UMA PESSOA NORMAL. Nem sei se é um ser humano. Para mim um ser humano se define como um ser que tem coração, que sente empatia, solidariedade, respeito, responsabilidade e amor.
E quando você tiver atravessado o inferno, do outro lado a espera uma vida plena e feliz que você nem é capaz de imaginar agora. Acredite!
Júlia Bárány

É POSSÍVEL AMAR DE NOVO DEPOIS DE UM RELACIONAMENTO ABUSIVO?



Por Júlia Bárány
Meus clientes me perguntam: É possível amar de novo depois deste relacionamento abusivo que me fez sofrer tanto e ainda faz?
Respondo com um grande SIM!!!
Mas há requisitos para que isso aconteça, para que você não caia de novo na armadilha de um predador.
Porque o predador que se aproximou de você sentiu o cheiro de suas vulnerabilidades, estudou-as detalhadamente para dar o bote dele sem o risco de falhar. Você pode ter passado recentemente por uma perda grande, por uma crise difícil, uma doença, um trauma ou sofria de solidão e estava fragilizada. Todo ser humano fica fragilizado por certos acontecimentos em sua vida. Fica fragilizado também por algum trauma do passado ou por alguma experiência na infância que ditou um comportamento de vulnerabilidade, como querer agradar os outros a qualquer custo, ser o menino ou a menina boazinha que não se defende, tirar as melhores notas na escola a custo de esforço enorme só para provar o seu valor. Todos nós temos nossos pontos fracos, isso é característica de seres humanos que somos. O que não é humano é se aproveitar desses pontos fracos para seduzir, explorar, manipular e destruir alguém. E é exatamente isso que os predadores fazem.
Um relacionamento abusivo desse porte causou um terrível dano na alma. É uma traição profunda e destruidora de valores, de confiança, de alegria, de esperança. Você foi sugado/a de todas as suas forças, sejam emocionais, psicológicas, físicas, financeiras, relacionais. Você foi traído/a na sua dedicação amorosa a uma pessoa que não merecia nem um pingo do seu amor, e se aproveitou do começo ao fim de você.
A dor é tamanha que não há espaço para outro sentimento algum. As situações absurdas e contraditórias, entremeadas de tortura psicológica, causaram danos na estrutura emocional da vítima. A recuperação parece impossível. É como um veneno que se infiltrou por todas as células do seu corpo.
Como sair disso?
Como estar pronto/a para amar de novo?
O único jeito de sair da dor é atravessá-la.
Dói. Ao descobrir que seu relacionamento todo foi uma miragem, que quem amou foi só você, o outro fingiu.
Você está cheio/a de desilusão, desespero, raiva e fúria. Você quer se vingar de toda essa dor causada por um ser que não é o que se apresentou a você para seduzir você. Esses sentimentos são mais que legítimos.
Você procura o médico para lhe receitar qualquer coisa que faça parar essa dor.
No entanto, não se anestesie, pelo menos num segundo momento, quando já tiver capacidade de sentir dor, permita-se sentir essa dor, vá fundo nela, chore o que for necessário, passe pelo luto.
Só assim a dor poderá ir embora. Poderá demorar mais para uns, menos para outros, mas acaba indo embora.
Você precisa deixar ir essas emoções tóxicas, para começar a ter espaço dentro de você para emoções boas. É preciso fazer uma faxina interna e jogar todo o lixo fora.
É preciso recuperar o seu coração. Ele está lá, mesmo que agora você ache que ele morreu.
 Aprenda que todos esses sentimentos não são seus. Foram fabricados pelo abusador. Talvez você já tenha sofrido traição e essa traição atual entrou de carona na outra. Você estava vulnerável a traições. Então, seja compreensivo/a consigo mesmo/a, você não sabia quão fundo foi a ferida. Vá cuidando dela aos poucos, até cicatrizar. Não dá para esquecer a ferida, mas dá para conviver com ela a ponto de ela não afetar você mais. É por isso que cortar qualquer contato com o abusador é tão importante. Senão a ferida vai ser reaberta toda vez.
Aprenda a confiar na sua intuição. Agora que você já sabe como funcionam os predadores, esteja atento/a aos sinais, e não os desconsidere. Com certeza nesse relacionamento você percebeu os sinais e não deu atenção. No caminho da recuperação é importante a voltar a confiar em você mesmo/a.
Sua intuição irá avisá-lo/a se aparecer outro predador no horizonte.
Quanto mais faxina interior você fizer, melhor vai funcionar sua intuição. Você acabará distinguindo muito bem o que está certo e o que está errado, quem é sincero e quem não é. Então, só então, será a hora de abrir seu coração novamente.