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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ELE ASSASINOU LENTAMENTE MINHA ALMA

ELE ASSASINOU LENTAMENTE MINHA ALMA E ESSA MORTE 
NÃO FOI ESTAMPADA EM NENHUM JORNAL
Nos dias atuais a massiva quantidade de notícias que falam sobre assassinato por motivos passionais nos deixa chocados e entristecidos, nos fazendo perguntar: Que mundo é esse, onde se mata por amor? Amor mata?

Não, amor de verdade não mata, não humilha, não se apossa, não maltrata. O que fica negligenciado pela mídia são as mortes emocionais, um tipo velado de assassinato. Realizado pelos companheiros, namorados, maridos ou esposas, familiares, chefes, colegas de trabalho ou amigos: os Narcisistas Perversos estão em todos os meios!

Quando se convive com um Narcisista Perverso, você morre lentamente, aos poucos, como se tomasse uma dose diária de veneno. O abusador vai minando a vítima gradualmente com suas mentiras, traições, humilhações em forma de “brincadeira”, minando a alegria de viver, a energia, modificando-a e roubando sua identidade. Recordo-me de inúmeras vezes que, após ele me culpar por algo em meio a muitas acusações, de estragar tudo com perguntas sobre suas mentiras e traições, dele deitar e dormir tranquilamente, enquanto eu tentava (inutilmente) fazer conexões mentais para saber o que havia acontecido. Ficava perturbada e confusa, enquanto ouvia o seu ronco, dormindo em total paz, e eu me consumindo em meio à madrugada com mil pontos de interrogações.

De manhã ele acordava, se vestia, me olhava com total desprezo e me questionava o porquê daquelas olheiras, antes que eu o respondesse já falava: tenho que trabalhar e cuidar da vida, se ficar perdendo tempo como você questionando sobre o que faço eu não vivo!!! Tomava café, atendia o celular, mandava mensagens, sempre ligado em 220 voltz . Sempre ardiloso e articulado já tinha o dia todo programado, animado, em total harmonia com a vida.

As noites sem dormir se tornaram rotineiras, pois percebia, mas não entendia o que havia de errado, acreditava que ele estava certo e eu estava sendo exagerada e possessiva, mas algo gritava dentro de mim: “Heiii!!! Acorde, sinal de alerta!”. Inocentemente a minha alma tentava me socorrer.
Ele tinha o dom da palavra, recorria ao paradoxo, à confusão, às generalidades, ao subentendido, a uma linguagem com duplo sentido, às frases ambíguas ou, ainda, desviava a conversa para conseguir o que pretendia. Não existia a menor possibilidade de discutir a relação, quando me sentia insatisfeita, eis que ele sempre tinha argumentos respaldados em subterfúgios imediatos, levando a cair por terra qualquer manifestação de opinião. Com o passar do tempo passei a evitar qualquer tipo de conversa séria que fosse relativa à nossa relação, me calando e evitando conflitos. Recordo-me de diversas vezes sentir um imenso vazio, parecia que a minha alma havia sido roubada.

Eu estava ao lado de alguém que simplesmente passava horas em silêncio, um silêncio ensurdecedor e perturbador.
Lembro dele agindo naturalmente como se estivesse sozinho, ligava a TV no programa que queria assistir, ria, às vezes até falava sozinho, dando palpites na programação. Eu o olhava, perguntava... e o silêncio continuava. Eu servia a janta ou mesmo o café, o chamava... e nada, nem um olhar, nem uma resposta. Ele fazia aquilo de uma forma tão natural e feliz, que me confundia de tal maneira, que eu não o reconhecia mais, não sabia quem era aquele estranho sádico que se divertia com a minha solidão.

Com o passar do tempo, tudo foi piorando, surgiu então, a situação da angústia, pois a violência é abafada pelas reticências, subentendidos e pelos não-ditos. A angústia se agravava pela recusa da comunicação direta; pela linguagem deformada; pelas mentiras; pelo manejo do sarcasmo, da derrisão e do desprezo; pelo uso do paradoxo; pela desqualificação; pela divisão para melhor dominar; e, finalmente, pela imposição do próprio poder, e eu continuava ali, buscando o homem seguro, confiável com quem havia me casado. No entanto, no momento em que passei a me impor e rebater as acusações infundadas, me tornando autora da minha vontade, passei a não ser mais útil ao desejo dele.

Assim, um dia, ele decidiu simplesmente ir embora. Saiu exercendo toda a bagagem de crueldade perversa me acusando de todos os erros, defeitos, acusações de infidelidade e egoísmo e ao lado dele, a nova vítima e a família, que davam total credibilidade. O meu emocional estava em frangalhos, minha auto estima não existia, minha confusão era em demasia e as noites sem dormir foi o legado que deixou.
Desta forma ele assassinou lentamente minha alma e essa morte não foi estampada em nenhum jornal, mas acreditem: a dor era tamanha, como distanásia. Após isso, reencontrar-me, buscar forças, me reinventar e me reconstruir, a jornada nesse longo caminho, sempre buscando forças em Deus. Um dia de cada vez, foi assim, durante muito tempo. Hoje não sou mais a mesma pessoa de antes, algo modificou. Creio que o que foi roubado, não foi resgatado, mas sim substituído por outros sentimentos. A recuperação é lenta, mas possível. É como sair de um coma após anos e ter que encarar um mundo modificado.

Nunca desista de você!