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sexta-feira, 27 de julho de 2018

DO OUTRO LADO DO RELACIONAMENTO ABUSIVO...



NADA. Absolutamente NADA justifica um comportamento abusivo. Seja o abuso físico, psicológico, moral, sexual, social ou econômico. Ninguém tem o poder de subestimar ou controlar ou impor nada a nenhum outro alguém.
Acontece que, quando falamos em relacionamento abusivo, precisamos lembrar que estamos falando da relação de duas pessoas – indivíduos – que tem suas razões de ser o que são e fazer/permitir o que fazem/permitem.
Geralmente, o abusador é alguém que, em algum momento de sua vida, provavelmente foi abusado de algumas dessas formas. Um sujeito que só sabe viver impondo, oprimindo, punindo ou ameaçando. Uma pessoa que só sabe usar de seu poder para se sobressair em uma relação. E que seduz por outras vias, para provar que sua companhia vale à pena.
Muitas vezes  comportamento abusivo é inconsciente ou é simplesmente a única forma que o abusador sabe ser. Muito provavelmente por ter aprendido assim. Supostamente, por ter vivido em um ambiente propício ao abuso. E que certamente também sofreu abuso de alguém muito próximo, por muito tempo de sua vida. Abusar é sua “zona de conforto”.
Do outro lado, temos a vítima, o abusado, que geralmente é uma pessoa com baixa auto estima, que se considera digna de estar com alguém que não a valoriza, que não soma, ou que a maltrate pois não se sente boa o suficiente para merecer alguém por inteiro.
Da mesma forma, muitas vezes o comportamento de se permitir ser abusado é inconsciente ou é simplesmente a única forma que a vítima sabe ser. Muito provavelmente por ter aprendido assim. Supostamente, por ter vivido em um ambiente propício ao abuso. E que certamente também sofreu abuso de alguém muito próximo, por muito tempo de sua vida. Ser vítima é sua “zona de conforto”.
É válido lembrar que o abuso pode ser praticado em QUALQUER tipo de relação: entre pais e filho, entre amigos, entre parceiros. Qualquer tipo de comportamento que não respeite a liberdade, as vontades, as opiniões do outro caracteriza um relacionamento abusivo.
Apenas esclarecendo, um relacionamento abusivo pode se dar por:
  • Físico: alguém que te empurra, que aperta, que te bate, que te belisca, que te arranha, que te violenta.
  • Psicológico: alguém que te humilha, que te insulta, que te controla, que te isola, que te ameaça.
  • Moral: alguém que faz fofoca a seu respeito, alguém que te difama, alguém que fala inverdades.
  • Sexual: alguém que te pressiona, que te obriga, que exige práticas contra sua vontade, que não te respeita.
  • Social: alguém que te inibe, que te aprisiona, que te proíbe de usar determinadas roupas, falar com determinadas pessoas, que te obriga a fazer o que você não quer.
  • Econômico: alguém que controla seu dinheiro, que monitora ou proíbe suas compras, que destrói seus objetos, que não te deixa trabalhar, que esconde patrimônios e ganhos.
Não sejamos hipócritas: eu já estive em um relacionamento abusivo. Você provavelmente já esteve. Se não esteve, conhece alguém que já se envolveu. Em qualquer aspecto, em qualquer circunstância. E que se permitiu levar pelo relacionamento porque a pessoa parecia ser tão amiga, ou era tão envolvente ou simplesmente por ser seu pai, mãe ou irmão.
Vivemos em uma cultura que não sabe ainda distinguir o que é do que não é abusivo. Ou que taxa o abusador como criminoso e o abusado como vítima. Ambos estão envolvidos e ambos têm sua parcela de responsabilidade pela situação. Mas não é por isso que a situação deve continuar como está.
SIM! É necessário que ambos envolvidos procurem ajuda. É essencial que tomem consciência de seus comportamentos, atitudes e escolhas. É vital que se livrem de culpas. E, principalmente, fundamental que tratem qualquer tipo de desvio de conduta ou caráter que caracterize o abuso.
SIM! É necessário que a cultura seja modificada. É necessário que o mundo mude. Mas antes de tudo, precisamos mudar os nossos próprios pensamentos e comportamentos, inibindo qualquer tipo de abuso: seja dentro de casa, nas rodas de amigos, nas ruas ou no ambiente profissional.
SIM! Precisamos orientar. Precisamos tratar. Precisamos fomentar uma nova cultura. Precisamos mudar. Mas nenhum processo de mudança acontece da noite para o dia. Nenhum processo de mudança acontece com radicalismos. Nenhum processo de mudança acontece sem alicerces e embasamentos.
No caso de um relacionamento abusivo, os dois são vítimas. E ambos necessitam de tratamento. Ambos estão certos e ambos estão errados. Ambos precisam se compreendidos e ambos precisam ser curados. Porém, o abusado pode impedir que esse ciclo se perpetue, se afastando do abusador.
Por favor, não me interprete mal! Não estou aqui, emitindo minha mera opinião. Estou sim escrevendo um parecer com base em todos os aprendizados que adquiri nas minhas formações e com meus anos de experiência em atendimento clínico. Não sou a favor do abusador e nem do abusado. Não estou tomando partidos e nem cindindo lados. Estou apenas levantando uma questão social que precisa ser devidamente interpretada e conduzida para que seja melhorada.

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